Quatro cidades que passaram a colocar o pedestre em primeiro lugar (Via BBC)

*baseado na matéria da BBC Travel

Após o período de restrições e bloqueios por conta do Covid-19, as cidades passaram a implementar iniciativas favoráveis aos pedestres, quebrando o privilegio de carros. Algumas introduziram ruas exclusivas para pedestres, transformaram estacionamentos em espaços para restaurantes, e adicionaram mais ciclovias.

Além dos retornos financeiros devidos ao aumento na atividade econômica, alguns estudos mostraram que o vírus pode se espalhar de maneira mais lenta em bairros com maior movimentação de pedestres. É verdade que muitos lugares hoje já voltaram atrás e reverteram algumas dessas iniciativas, mas vimos que outros adotaram de forma definitiva.

Em uma reportagem publicada por Lindsey Galloway na BBC, podemos conhecer mais sobre quatro cidades que adotaram muitas dessas iniciativas privilegiando pedestres.

 

1 – Paris, França.

Foto: Matt Hardy

Mesmo antes da pandemia, Paris já vinha com a preocupação de ser mais favorável aos pedestres. Em 2020, a prefeita Anne Hidalgo foi reeleita em parte devido ao plano da “cidade dos 15 minutos”: uma ideia de cidade que permite aos seus moradores realizaram qualquer atividade diária e fundamental a uma distância de 15 minutos a pé ou de bicicleta. Por conta do Covid, o transporte público foi proibido por um tempo, e também considerado mais desconfortável pela obrigatoriedade do uso de máscaras. Isso favoreceu as pessoas andarem mais a pé.

Ciclovias também foram ampliadas e o incentivo para o uso de bicicletas cresceu, como podemos relembrar na matéria sobre o plano 100% pedalável de Paris.

“Moro em Paris há 14 anos e posso dizer com certeza que nunca vi uma transformação maior em toda a cidade do que a que aconteceu recentemente para incentivar ciclistas.”, disse Sadie Sumner, que dirige a filial de Paris da empresa de cicloturismo Fat Tire Tours.

 

2 – Bogotá, Colômbia.

Foto: Juan Pablo Mayorga Vásquez

Falando da América do Sul, Bogotá e a Colômbia sempre foram considerados locais com uma forte cultura de ciclismo, tendo o status de ser um dos principais esportes do país. A pandemia acabou acelerando algumas das mudanças contra os carros que foram implementadas: em 2020, a prefeita Claudia Lopez designou mais 84 km de ciclovias temporárias para a já estabelecida rede de 550 km da cidade (uma das maiores do mundo), depois se tornando permanente.

Aos domingos e feriados, carros são proibidos de circularem em algumas vias, atraindo cerca de 1,5 milhão de ciclistas, pedestres e corredores por semana.

Novos ônibus funcionam com eletricidade e gás, melhorando o sistema de transporte público segundo os moradores. “A cidade passou a desenvolver um clima parecido com o de Amsterdã e Copenhagem nos últimos anos. Há muitas bicicletas nas ruas em todas as horas do dia, é bastante inspirador.”, disse Alex Gillard, fundador do blog Nomad Nature Travel, morador de Bogotá durante a pandemia.

 

3 – Milão, Itália.

Foto: Andrea Piacquadio

A Itália foi um dos países mais atingidos no inicio da pandemia, portanto se viu obrigada a realizar adaptações rápidas para desafogar o seu transporte público densamente povoado. Já no verão de 2020, Milão entrou em um ambicioso plano para alargar calçadas e expandir ciclovias ao longo de 35km de estradas voltadas para automóveis.

O resultado foi uma cidade com muito mais área livre, mercados abertos, jardins urbano, opções gastronômicas e de entretenimento ao ar livre. O novo distrito de CityLife é considerado uma das maiores zonas livres de carros da Europa.

“Não é a Milão que eu me lembro de 10 anos atrás, durante meu tempo de faculdade. Eu amo o conceito de cidade de 15 minutos e fui atraída pela estrutura da cidade que prioriza pessoas no lugar de carros.”, disse a moradora Luisa Favaretto, fundadora do site Strategistico.

 

4 – São Francisco, Estados Unidos.

Foto: Brett Sayles

Logo no início da pandemia, a cidade do norte da Califórnia lançou o programa “Slow Streets” (Ruas Lentas), que utilizava barreiras e sinalização para limitar o tráfego e diminuir a velocidade de carros em 30 corredores, incentivando a passagem de pedestres e ciclistas. O resultado foi a redução de 50% no tráfego de veículos, aumento de 17% no tráfego de pedestres e um crescimento de 65% no tráfego de ciclistas.

Muitas ruas acabaram retornando para a situação de antes da pandemia, mas a pressão dos moradores fez com que quatro vias se tornaram permanentes, sendo que em setembro o futuro de outras será decidido em votação.

Mesmo que muito ainda falte muito a ser feito, as transformações já são nítidas para os moradores. Ciclovias foram ampliadas e reformadas, e áreas livres de lazer já são beneficiadas com as mudanças.

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