A ameaça das chuvas nas cidades brasileiras

Já virou rotina na vida dos brasileiros: geralmente em dezembro ou janeiro, as chamadas chuvas de verão arrasam e causam destruição em várias de nossas cidades. Com dezembro se aproximando a ameaça já causa apreensão, especialmente entre aqueles que moram em áreas de risco.

A preocupação não é em vão, no último ano tivemos vários incidentes, especialmente em Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, como os estados mais atingidos. Um pouco depois desse período, no final de maio para ser mais específico, mais uma tragédia dessa vez alcançou Pernambuco, deixando 128 mil pessoas desabrigadas e 130 vidas a menos.

Passados alguns meses, as informações que chegam não são boas: as famílias reclamam do abandono. Não basta a dor de perder um ente querido, os afetados relatam dificuldades em receberem auxílio financeiro, e até mesmo psicológico. Muitos tiveram o auxílio negado, e sem alternativas tiveram que retornar para as casas que antes foram interditadas. Outros chegaram a receber o auxílio do estado, mas os 1500 reais oferecidos parecem uma piada de mal gosto, uma vez que esse valor não é suficiente nem para comprar uma geladeira nova.

A organização Habitat Brasil, junto com outras organizações da sociedade civil, está buscando evidenciar essa situação e cobrar o poder público na busca por soluções, também alertando sobre a possibilidade de repetição do problema nesse período de chuvas.

Dentre as cobranças feitas, foram apontadas algumas ações que devem ser adotadas para amparar os atingidos, como:

  • Ampliação e acesso aos valores dos auxílios;
  • Melhoria dos atendimentos de saúde e psicológicos;
  • Simplificar a emissão de documentos de identificação para aqueles que perderam durante os deslizamentos e inundações, além de garantir auxílio jurídico sobre o tema.

 

A respeito da prevenção e da tentativa de evitar que a tragédia se repita nesse ano, foram sugeridos:

  •  Mapeamento das áreas de risco;
  •  Investimento em políticas de despejo zero e construção de abrigos permanentes em áreas seguras;
  •  Criação de comitês de prevenção e contenção de desastres;
  •  Melhorar a rede local de atendimento e transparência dos recursos públicos no que diz respeito ao recebimento e na destinação.

 

Muitas dessas ações necessitam de uma implementação a curto prazo, já que o período chuvoso se aproxima em muitas regiões, porém sem um planejamento a médio ou longo prazo, sabemos que os problemas voltarão a serem repetidos. Precisamos de uma política habitacional consistente para reduzir o problema do déficit habitacional no país, que vem de muito tempo e atinge muitas famílias brasileiras. A quantidade de pessoas que veem a ocupação e construção de moradias em áreas de risco como a única opção não irá diminuir enquanto nossa situação habitacional permanecer a mesma sem nenhuma intervenção do poder público.

As coisas continuando como estão, infelizmente as tragédias serão repetidas.

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