A decadência dos centros corporativos pós-pandemia. E porque isso pode ser bom

As áreas centrais reservadas para escritórios e empreendimentos corporativos estão cada vez mais vazias. Essas regiões costumam se localizar bem nos centros tradicionais das cidades, ocupando ruas que durante muitos anos eram sinônimo de movimento de pessoas, ao menos em horários comerciais.

Com a pandemia e o distanciamento social obrigatório visando diminuir a propagação do vírus, por um bom tempo todas as atividades presenciais foram interrompidas, causando um grande impacto em setores como o comércio e ambientes corporativos. A chegada das vacinas e a diminuição dos casos graves fizeram com que as atividades aos poucos retornassem, mas não no mesmo nível do que era antes.

Já falamos inclusive sobre imagens do centro de São Francisco, nos EUA, que viralizaram nas redes por conta dessa mudança. Sidney, na Austrália, também relata a permanência de altas taxas de vacância de escritórios em seu distrito comercial central. Outras grandes cidades também se encontram na mesma situação.

Esse quadro não é exclusivo de apenas uma determinada região, mesmo com a diminuição dos riscos da covid, as relações e o funcionamento das atividades de trabalho já foram modificadas e dificilmente voltarão ao que eram antes. As empresas perceberam que muitas atividades feitas presencialmente nos escritórios podem ser realizadas dentro de casa, gerando benefícios para o negócio e para o próprio trabalhador. Gastos com transportes dos empregados e com a estrutura física da empresa agora podem diminuir drasticamente, enquanto o funcionário ganha a comodidade de permanecer em casa e um grande ganho de tempo que antes era gasto no deslocamento para o escritório. Mesmo que muitos ainda não tenham abandonado totalmente a estrutura de trabalho presencial, o modelo híbrido, com a mescla do home-office com o presencial virou a solução ideal para muitas empresas.

De toda forma, ver ruas antes movimentadas se tornarem praticamente vazias certamente não é algo simples de se acostumar. Apesar de todo esse natural incomodo, precisamos entender que isso tem seu efeito positivo.

Muitos desses centros comerciais funcionavam quase que em conjunto, deixando os horários comerciais com grande movimento, mas causando o mesmo paradeiro nos outros horários. A separação desses prédios puramente comerciais de todo resto da cidade acaba deixando a região refém desse uso exclusivo, a tendência é que esse tipo de edificação tenha seus dias contados e se a mudança for feita de modo inteligente isso pode ser ótimo para as cidades. O uso misto combinando diferentes tipos de comércio, espaços residenciais e considerando essa mudança na forma de trabalho do mundo corporativo pode ter um resultado muito interessante e melhor para a dinâmica urbana.

Na mesma Austrália, onde se relata a dificuldade na retomada do distrito comercial central, novas experiências buscando reinventar o funcionamento dessas áreas tem sido bem-sucedidas. Programas incentivando comida de rua, prática de ciclismo e caminhada e uma maior diversidade de usos são que estão fazendo a diferença.

O ambiente corporativo não vai voltar ao que era antes, mas se tornarmos as decisões corretas esses espaços vão se tornar melhores, com mais inclusão, melhor paras as cidades e para as pessoas.

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