Caminhar em determinados lugares das cidades muitas vezes não é algo fácil. Calçadas pequenas e deterioradas, vias com carros em altas velocidades, insegurança… são algumas das muitas dificuldades encontradas pelos cidadãos todos os dias. Alguns desses problemas são simples de serem resolvidos, outros necessitam de apenas mais um pouco de boa vontade da administração pública, mas sem dúvida, a grande maioria possui soluções acessíveis.
Separamos 5 ideias já utilizadas por muitas cidades e sem grande grau de complexidade para serem aplicadas:
1 – Diminuir as faixas para carros nas vias:
Muitos parecem se assustar e não compreender essa ideia, afinal no imaginário popular o que ajuda a melhorar o trânsito de uma cidade é justamente a construção de mais vias e mais espaço para carros circularem. Entretanto pesquisas sobre o assunto mostram que muitas vezes o que ocorre é o efeito contrário, vias mais largas acabam chamando mais carros, aumentando os congestionamentos e gerando um efeito bola de neve.
Basta observar uma tendência que vem ocorrendo em muitas das principais cidades europeias, onde vias antes prioritárias para carros, agora possuem apenas uma faixa para veículos, alargando as calçadas, e oferecendo novas faixas para o transporte público e/ou ciclovias. Esse modelo de ruas acabando gerando o chamado efeito de “atrito” para os carros, reduzindo a velocidade deles e incentivando a circulação de pedestres e ciclistas, tornando as ruas mais seguras para todos, inclusive para os motoristas.
2 – Construção de ciclovias protegidas:
Essa ideia parece mais óbvia e vem sendo replicada em muitas cidades, porém muitas vezes as ciclovias são implementadas sem a devida segurança e próximas demais das vias de carros. Já falamos sobre algumas vezes aqui no blog (veja aqui e aqui), mas nunca é demais lembrar que colocar obstáculos e barreiras separando carros e ciclovias faz toda a diferença no que diz respeito a diminuição de acidentes e proteção dos ciclistas. Uma simples separação com canteiros de plantas pode ser o suficiente, como já vimos AQUI no exemplo de Bogotá.
3 – Implementar mecanismos de redução de velocidade:
Quando se fala em reduzir a velocidade é comum já imaginar os radares eletrônicos que detectam a velocidade dos veículos para multar uma possível infração. Apesar dos radares comprovadamente terem um papel importante na redução de acidentes, uma medida simples que costuma ser efetiva é a de se construir meio fios com um desenho que dificulte o raio de curva dos veículos. Explicando melhor: nos locais de interseções e mudanças de direção nas vias, o desenho do meio-fio tem papel fundamental na forma em que os carros entram nessas curvas. Onde os meios-fios apresentam mudanças mais suaves, a curva feita pelos carros acaba por ser mais simples, favorecendo uma entrada em alta velocidade. Quando o desenho do meio-fio passa a exigir uma mudança de direção mais brusca, os carros são obrigados a reduzirem a velocidade nessas interseções.
Amsterdã é uma das grandes cidades que vem adotando com frequência essa medida e vem tendo sua eficiência comprovada, veja mais AQUI.
4 – Estacionamentos e aluguéis para bicicletas:
Muitas cidades brasileiras possuem aqueles locais para aluguel de bicicletas, geralmente com uma cor específica que nos ajuda a identificá-las quando estão em circulação por vários locais da cidade. Essa iniciativa em conjunto com uma boa oferta de ciclovias certamente oferece um grande incentivo para a prática do ciclismo, mesmo que muitas vezes só para lazer. A simples oferta de estacionamento para bicicletas também é um incentivo eficiente, mesmo que pareça tímido.
5 – Árvores e espaços verdes nas vias:
Para saber mais sobre os benefícios de árvores ao redor das vias, recomendamos ESSE POST específico. Mas falando de forma resumida, podemos destacar os efeitos na redução das velocidades de carros, na qualidade e bem-estar do espaço, além de diversos ganhos no aspecto ambiental, como qualidade do ar, redução de temperatura, e até mesmo no escoamento de águas da chuva, um setor crítico das cidades brasileiras no que diz respeito aos problemas de enchentes cada vez mais comuns.
Essas são apenas algumas das muitas iniciativas que podem ser tomadas em nossas cidades, sem a necessidade de intervenções complexas ou radicais. Um pouco de planejamento e boa vontade podem ser o suficiente para muitas melhorias concretas.