Bogotá e as cidades colombianas se tornaram mundialmente conhecidas por conta da violência e seus conflitos oriundos do narcotráfico. A imagem de Pablo Escobar e o auge do narcotráfico nos anos 1980 e 1990 acabaram se associando com a própria imagem das cidades colombianas.
Os tempos agora são outros, muito se passou, e cidades como Bogotá se tornaram referências para outras cidades latino-americanas no que diz respeito a mobilidade urbana. Com isso em mente, podemos separar 5 pontos em que Bogotá pode nos ensinar:
1. CICLOVIAS PROTEGIDAS:
Lançado na década de 1970, as ciclovias de Bogotá talvez sejam o aspecto mais famoso de sua mobilidade urbana. Estima-se que atualmente a cidade possua cerca de 550km em sua rede cicloviária, muitas delas com algum tipo de proteção, algo que já vimos aqui no site como algo fundamental para a prevenção de acidentes graves. Mesmo que muitas das proteções não sejam da maneira mais recomendada – já que várias são móveis e não fixas -, a separação é sempre importante em algum nível.
2. TRANSMILÊNIO, A REDE DE ÔNIBUS LOCAL:
Inaugurado no final do ano 2000, Transmilênio é o sistema de transporte público formado por ônibus biarticulados que percorrem corredores exclusivos por toda a cidade. Inspirada na Rede Integrada de Transporte de Curitiba, o Transmilênio possui vantagens de uma maior capacidade de passageiros, além de corredores exclusivos totalmente separados dos carros, garantindo uma maior velocidade e segurança para os usuários.
Como é de se imaginar, o sistema não é perfeito e sofre com reclamações da população, especialmente relacionadas com a superlotação em horários de pico e a qualidade dos veículos. Em anos anteriores também já houve protestos contra o valor cobrado nas tarifas. Ainda assim, mesmo que existam problemas na execução, a ideia de ônibus biarticulados percorrendo corredores exclusivos por toda a cidade já parece algo à frente do existente em muitas das cidades brasileiras.
3. VARIEDADES DE TRANSPORTE:
Não só de ônibus vive Bogotá, a capital colombiana possui uma rede de teleférico chamada de TransMiCable que se conecta com o Transmilênio. Esse meio de transporte possibilita a locomoção de passageiros em regiões altas da cidade e ainda possuem projetos complementares ao redor, com a presença de espaços culturais, praças, campos de futebol e outros equipamentos públicos que oferecem um visual muito interessante, e acima de tudo proporciona opções importantes para a população.
4. O DIA SEM CARRO:
Como já vimos em outro post Bogotá também oferece o Dia Sem Carro, onde mais de 120km de vias para carros e motos particulares são fechadas para o uso exclusivo de bicicletas e do transporte público em suas faixas reservadas. A medida conta com forte participação da população e é copiada por diversas cidades do mundo.
5. MEDIDAS DE ACORDO COM A REALIDADE:
Logicamente nem tudo são mil maravilhas em Bogotá, estamos falando de uma cidade com um contexto histórico difícil e até hoje um local com muita desigualdade social e presença de pobreza. De toda forma, em alguns aspectos Bogotá parece trabalhar bem de acordo com sua realidade. Acabamos de comentar sobre as ciclovias protegidas presentes na cidade que mesmo não sendo as consideradas ideais cumprem razoavelmente sua função. No lugar das proteções fixas e altas, que protegem os ciclistas de maneira altamente segura de colisões com carros, podemos observar as chamadas “tartarugas”, aliadas com cones ou postes moveis. A efetividade certamente não é a mesma, mas demonstra uma preocupação com os ciclistas que dificilmente vemos nas cidades brasileiras. Em alguns casos vemos até mesmo vasos de planta ajudando nessa separação, algo que deixa o visual mais agradável e já ajuda nessa separação mais visual.
Não estamos falando de uma cidade padrão europeu, que costumeiramente vemos sendo exaltadas como referencial urbano nas mídias, mas o fato de ser uma cidade com falhas e problemas sociais e financeiros semelhantes aos nossos, tornam ela ainda mais interessante no que diz respeito a ensinamentos que podemos aplicar em nossas cidades brasileiras.