Algumas imagens do centro de São Francisco, nos EUA, têm sido compartilhadas nas redes sociais, causando surpresa em muitos. As antigas ruas movimentadas agora parecem vazias.
“Este é o centro de São Francisco, segunda-feira de manhã às 9h20”, twittou Michelle Tandler, fundadora da empresa Growth Path, junto com imagens mostrando ruas quase vazias com poucos carros e pessoas.
Um recente relatório da empresa de segurança Kastle revelou que apenas 39% dos trabalhadores do centro de São Francisco estavam ocupados. Antes da pandemia do COVID-19, dois anos atrás, a ocupação dos escritórios da cidade eram próximas ou iguais a 100%.
Tandler e outros temem que muitas grandes empresas não renovem seus contratos de aluguel de escritórios, afetando empresas e a economia local. “Não acho que o governo de São Francisco tenha entendido completamente o quão problemático isso é. Ou isso, ou simplesmente eles não se importam”, escreveu no twitter.
Para compreender os motivos que levaram a isso, logicamente devemos considerar os efeitos da pandemia e suas restrições impostas em relação a circulação de pessoas. O estilo de vida da população mundial foi severamente modificado e no meio do trabalho isso não foi diferente. As atividades presenciais com reuniões diárias no mesmo espaço físico foram limitadas, tarefas que podem ser realizadas dentro das próprias casas contribuíram para a diminuição de deslocamentos muitas vezes longos e custosos, especialmente em grandes cidades, como é o caso de São Francisco.
A diminuição de circulação nos centros das cidades geralmente também está relacionado a falta de diversidade de usos. Muitas edificações com uma mesma finalidade (como o uso exclusivo de escritórios, por exemplo) vão gerar um movimento de pessoas em horários em que elas funcionam, mas em outros momentos de inatividade naturalmente vão deixar as ruas com pouco ou nenhum movimento. É o que diz a urbanista Jane Jacobs, quando fala sobre a necessidade de diferentes usos no mesmo espaço, com residências, comércio e escritórios, garantindo a circulação de pessoas nos mais diferentes horários.
Nos comentários de usuários nas redes, podemos entender o que a população pensa sobre isso. Muitos reclamam sobre o distanciamento do poder público e dos donos das grandes empresas em relação a vida do trabalhador comum. O deslocamento até o centro muitas vezes é caro e demorado, os apartamentos nessas regiões também parecem fora da realidade com altos preços e custos de vida elevados. A resposta da população foi se afastar.