Como o Urbanismo Pode Ajudar a Combater a Obesidade e o Diabetes

Você já parou para pensar como o lugar onde moramos pode influenciar diretamente a nossa saúde? De acordo com estudos recentes, transformar nossas cidades em ambientes mais propícios para se andar a pé pode ser uma das estratégias mais eficazes para reduzir os altos índices de obesidade e diabetes.

Atualmente, quase metade dos adultos nos Estados Unidos tem obesidade, e mais de 11% da população convive com o diabetes. No Reino Unido, a situação também é preocupante: o sistema público de saúde (NHS) gasta cerca de £10 bilhões por ano tratando o diabetes — o equivalente a 10% do orçamento anual da instituição.

Mas há uma luz no fim do túnel. Pesquisadores liderados por Gillian Booth, da Universidade de Toronto, analisaram mais de 170 estudos sobre o impacto do ambiente urbano na saúde pública. A conclusão é bem clara: pessoas que vivem em bairros onde é fácil caminhar, pedalar ou usar transporte público são mais ativas fisicamente e apresentam menores taxas de doenças crônicas.

Um dos estudos citados avaliou mais de 32 mil pessoas e descobriu que, em áreas altamente caminháveis, a taxa de obesidade era de 43%, enquanto em regiões com baixa caminhabilidade, esse número subia para 53%. Outro estudo acompanhou 1,1 milhão de adultos e concluiu que morar em bairros com pouca infraestrutura para pedestres aumenta em 20% o risco de desenvolver pré-diabetes ao longo de oito anos.

Além disso, mudar-se para uma vizinhança mais amigável para caminhadas pode ter impacto direto na saúde: um estudo canadense mostrou que essa mudança reduziu em 54% as chances de diagnóstico de hipertensão.

Outros fatores também influenciam nessa questão, como a poluição do ar e o excesso de restaurantes fast-food, que podem reduzir os benefícios de viver em um bairro caminhável. Por isso, o planejamento urbano precisa ser integrado: ruas seguras, ciclovias, áreas verdes, comércios e serviços acessíveis a pé, e um bom sistema de transporte público fazem toda a diferença.

Booth destaca que só tratar os casos de diabetes e obesidade não será suficiente. “Mesmo que sejamos muito bons no tratamento, não conseguiremos acompanhar o aumento no número de casos se não investirmos na prevenção”, diz ela.

A prevenção, nesse caso, começa com o urbanismo. Cidades mais densas, com infraestrutura pensada para o pedestre e menos dependência do carro particular, podem promover saúde de forma natural — incorporando a atividade física ao dia a dia da população.

Promover cidades caminháveis não é apenas uma questão de mobilidade, mas uma verdadeira política de saúde pública. E, diante do que os estudos mostram, é um caminho que vale a pena seguir.

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