Crise no Centro: São Paulo e Chicago em momentos difíceis

A crise relacionada aos centros das grandes cidades não é um assunto inédito quando falamos de urbanismo. Aqui no próprio site já abordamos o tema diversas vezes (veja aqui, aqui e aqui).

O caso de São Paulo certamente é o mais preocupante no cenário brasileiro, a quantidade de pessoas usuárias de drogas tem aumentado cada vez mais, expandindo a chamada região da “Cracolândia”. A quantidade de incidentes de furtos e violência explodiu, contribuindo para o centro da cidade se tornar um local cada vez mais decadente e perigoso. Diversos comércios históricos estão abandonando a região devido a quantidade cada vez maior de assaltos e cada vez menor de clientes. Moradores locais relatam momentos constantes de pânico, deixando as saídas de casa cada vez mais raras.

Assim como várias outras cidades, Chicago tem passado por problemas semelhantes. Os incidentes criminais na cidade americana aumentaram 41% no ano passado em relação a 2021 e aumentaram mais 42% este ano, contando até o dia 28 de maio. Apenas no fim de semana do feriado do Memorial Day, 53 pessoas foram baleadas, sendo 12 delas fatais.

Cidade de Chicago. Foto: Ricky Esquivel
Cidade de Chicago. Foto: Ricky Esquivel

 

A taxa de vacância de escritórios na cidade americana atingiu um número recorde de 22,4% nesse primeiro trimestre, muito por conta dos efeitos da pandemia. Grande parte da população passou a evitar o centro da cidade, especialmente pelo aumento da sensação de insegurança, gerando um efeito bola de neve onde cada vez menos pessoas frequentam o local e os incidentes criminais aumentam cada vez mais. Muitas das empresas que conseguiram evitar a falência resolveram se mudar para locais fora do centro, ou até mesmo para fora de Chicago.

Para tentar mudar esse quadro, a administração pública da cidade, através do novo prefeito Brandon Johnson, tem se juntado com as organizações privadas para pôr em prática um plano de recuperação dessas áreas.

Líderes de empresas, como McDonalds, Ulta Beaty e MorningStar parecem estarem dispostos a investir dinheiro em programas voltados para a diminuição da violência, além da contratação de pessoas de comunidades do subúrbio. Organizações de aprimoramento da segurança pública devem receberem estímulos, além da promessa de incentivos para projetos sociais em bairros mais vulneráveis. A ideia das intervenções é reduzir pela metade o número de homicídios e diminuir os tiroteios em mais de 40% nos próximos cinco anos.

A recuperação da economia de Chicago tem sido lenta após o período de pandemia, porém o lado positivo é a de lideranças da cidade parecem estarem dispostas a intervirem na situação, especialmente nessa prometida junção de forças entre o poder público e o privado. O lado triste para nós brasileiros, é que no momento não percebemos uma ação parecida no que diz respeito à cidade de São Paulo. O centro da cidade passa provavelmente pelo seu pior momento na história, não tendo nenhuma perspectiva próxima de melhora.

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