Buscando alternativas para melhorar a mobilidade da cidade, a prefeitura de Montreal anunciou um plano para expandir drasticamente sua rede cicloviária dentro dos próximos 5 anos.
A ideia passa pela criação de aproximadamente 200 km de ciclovias, tendo todo o planejamento dos trechos já previamente divulgados. Serão cerca de 40 km novos por ano, com o gasto de 30 milhões de dólares anuais.
Na última semana do mês de maio foi anunciado o início da primeira parte do planejamento, com 53 projetos abrangendo 14 bairros e 4 outros municípios.
A experiência desse primeiro ano deve ser fundamental para servir como uma espécie de teste. A prefeitura prometeu realizar eventos de ciclismo durante todo o ano para incentivar o uso pela população.
O exemplo de Montreal vem em um mês em que tivemos notícias completamente opostas aqui no Brasil. Em São Paulo, a maior cidade do país, tivemos em destaque na mídia informações sobre ciclovias que foram drasticamente reduzidas em seu tamanho para dar mais espaço para a passagem de carros e motos. Faixas que já eram pequenas se transformaram em linhas praticamente inutilizáveis para a prática do ciclismo, oferecendo um grande risco para a integridade física dos ciclistas.
Essas notícias ganharam tanto destaque que devido a repercussão negativa a prefeitura de São Paulo teve que recuar e voltar com os tamanhos “originais” das ciclovias.
Com ainda mais destaque no noticiário nacional, tivemos o anúncio do governo federal sobre incentivos fiscais para as montadoras de carros, com a justificativa de deixar mais barato o preço dos automóveis, facilitando o acesso para a população. Essa notícia gerou grande repercussão e foi alvo de muito debate sobre questões econômicas, urbanísticas, sociais e políticas, mostrando a complexidade do assunto.
De toda forma, o modelo de ainda mais incentivo para o uso dos automóveis não é uma boa notícia para a mobilidade de nossas cidades. Enquanto vemos cidades de todo o mundo, como Montreal, Lisboa ou Paris decidirem pelo incentivo ao transporte público e ao ciclismo, nos causa estranheza e desânimo ao vermos o cenário brasileiro indo no sentido completamente oposto.