O ministro da infraestrutura de Portugal, Pedro Nuno Sanos, rejeitou o argumento de que os veículos elétricos são a solução para os problemas de transporte urbano.
“É necessária uma mudança para o transporte coletivo para reverter o domínio dos carros nas cidades e atingir nossas metas de descarbonização. Se simplesmente substituirmos todos os carros a combustão por carros elétricos, acabaremos com o mesmo tipo de congestionamento, a mesma quantidade enorme de tempo perdido no trânsito, os mesmos níveis insustentáveis de acidentes rodoviários e a mesma luta pelo espaço público”, disse ele.
As declarações do ministro foram feitas na conferência Transport Research Arena em Lisboa, um evento apoiado pela União Europeia que reúne pesquisadores, especialistas, e formuladores de políticas públicas para a discussão de medidas a serem tomadas no setor de transporte.
“O carro sobrecarregou a vida da cidade e é algo que deve mudar”, acrescentou.
Nuno também criticou o termo “carros de emissão zero”, argumentando que os carros elétricos não são tão sustentáveis quanto alguns dizem, já que pesquisas indicam que os carros elétricos podem levar até 9 anos para compensar o CO2 emitido durante sua produção.
O ministro questionou se “vale a pena promover uma rápida substituição dos veículos existentes por elétricos”, citando novamente as pesquisas que citam o prolongamento da vida útil dos atuais veículos com motor de combustão como algo mais ecológico do que uma mudança repentina para os veículos elétricos.
“Ao invés de em um curto período mudar todos os carros para carros elétricos […], talvez a melhor opção seja levar mais tempo para fazer uma transição mais progressiva”, disse ele
O ministro defendeu que o transporte ativo, como a pé e de bicicleta, e transportes públicos, são os instrumentos mais eficazes para a descarbonização dos transportes.
“A indústria automobilística é muito importante. Isso nunca vai acabar. Vamos precisar de carros elétricos com certeza. Mas acho que precisamos de menos carros em nossas estradas e precisamos de mais trens”, disse ele.
Recentemente a União Europeia concordou em proibir a venda de carros e vans poluentes a partir de 2035 em todo o bloco, simbolizando o fim do motor de combustão interna e o inicio de uma mudança para carros elétricos e movidos a hidrogênio.