Um novo artigo publicado na revista “Transportation Research Interdisciplinary Perspectives” defende que os engenheiros de trânsito devem adotar uma abordagem de saúde pública no que diz respeito ao trânsito.
O artigo, chamado “The Safe Systems Pyramid: A new framework for traffic safety” (ou traduzindo: “A Pirâmide de Sistemas Seguros: Uma nova estrutura para segurança no trânsito”) foi escrito por David Ederer, em sua tese de doutorado, com o apoio de um equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia, da Universidade de Minnesota e da Universidade da Califórnia em Davis.
A ideia do artigo é tratar os problemas do trânsito dentro de uma perspectiva de saúde pública, ou seja: trabalhar com a ideia de que os problemas de saúde são evitáveis quando abordados a um nível populacional e não apenas individual. Outro ponto é que se deve concentrar na prevenção e no controle dos fatores de risco, focando na proteção sempre que possível.
A chamada “Pirâmide de Sistemas Seguros” deve priorizar mais mudanças que tenham impacto na saúde pública, e menos nas questões de esforço individual. Um exemplo positivo é o da campanha Vision Zero/Visão Zero, que visa acabar com as mortes no trânsito, como já vimos em outros posts aqui do blog (veja aqui e aqui)
Como as cidades nórdicas conseguiram acabar com as mortes de pedestres
O autor do artigo esclarece que para tornar o transporte mais seguro os engenheiros e os políticos não podem esperar muito progresso vindo de mudanças de comportamento dos indivíduos. Em vez disso, o sistema de transporte deve ser alterado para reduzir o risco geral de problemas para as pessoas inseridas.
De acordo com o artigo, as abordagens comuns à segurança rodoviária baseiam-se em um quadro chamado “Os Três E’s”, equilibrando Educação, Engenharia e Fiscalização (Education, Engineering e Enforcement, no original) tendo o mesmo peso. Porém o artigo propõe uma nova estrutura para a tomada de decisões sobre o projeto de estradas e engenharia de transportes: “A Pirâmide de Sistemas Seguros” prioriza medidas que têm o maior impacto na saúde pública, ao mesmo tempo que exige um menor esforço individual. A educação está no topo da pirâmide, com o menor impacto, enquanto as “mudanças no ambiente construído” e as “soluções socioeconômicas” estão na base, tendo os maiores impactos.
Para citar um exemplo que ilustra bem esse conceito, o autor descreve uma hipotética estrada de quatro faixas para carros com uma escola de um lado e um bairro residencial do outro. A abordagem comum para a segurança nesses casos provavelmente incluiria uma faixa de pedestres com sinais luminosos indicando atenção para as pessoas que podem atravessar a via. A abordagem proposta e mais eficaz seria construir extensões do meio-fio na passarela, encurtando a distância de travessia e diminuindo o tempo em que os pedestres ficariam expostos e com maior risco de ferimentos, ao mesmo tempo que forçaria os motoristas a reduzirem a velocidade.
A ideia do artigo é interessante por oferecer barreiras reais e efetivas aos problemas causados pelo uso irresponsável dos automóveis. A “Pirâmide de Sistemas Seguros” é mais bem detalhada na leitura do artigo original, e pode ser encontrada clicando aqui: