Taxa de Congestionamento? Saiba o que é, e porque Nova Iorque irá adotar

Você já ouviu falar na Taxa de Congestionamento? Se trata de uma taxa cobrada pelo poder público para se poder utilizar carros em determinados trechos de uma cidade. O objetivo principal é reduzir os congestionamentos e o número de veículos circulando, ao mesmo tempo em que se estimula o uso do transporte público.

O princípio da ideia parte de uma premissa econômica: aumente bastante o preço de algo e menos pessoas irão utilizá-lo. Na prática pode não ser tão simples, uma vez que nesse caso a ideia também é arrecadar uma quantia significativa para se investir em transporte público. Ao se cobrar um valor muito baixo o risco é de a diminuição dos congestionamentos não ser a esperada. Ao se cobrar um valor muito alto pode ser que os veículos parem de circular, mas o valor arrecadado não seja o suficiente. Uma conta difícil de se equilibrar.

 

Como irá funcionar em Nova Iorque?

No caso da cidade americana a ideia é cobrar dos motoristas que dirigem para as principais partes de Manhattan a partir de abril de 2024. O projeto que deve ser aprovado dentro dos próximos 30 dias prevê uma taxa de aproximadamente 23 dólares em horários de pico e 17 dólares em outros horários para os motoristas que dirigirem nas áreas delimitadas, gerando uma receita total prevista de 1 bilhão de dólares por ano.

Essa quantia está sendo esperada para ajudar a financiar grandes projetos de mobilidade da cidade, como a expansão do metrô da Second Avenue para o Harlem, a atualização do sistema de sinalização do metrô e a adição de mais elevadores e escadas rolantes às estações.

Carros de passageiros como táxis e aplicativos de carona devem receber a cobrança apenas uma vez por dia. Os moradores do distrito de Manhattan com uma renda abaixo de 60 mil dólares por ano também irão receber um crédito fiscal estadual.

 

Os apoiadores e os contrários:

Dentre os grupos que apoiam o projeto estão ambientalistas, planejadores urbanos e defensores do transporte público e do ciclismo. Porém dentre os opositores vemos figuras influentes, como o governador de Nova Jersey, Phil Murphy, que continua lutando para interromper a medida com o argumento de que os moradores de Nova Jersey serão prejudicados. Também é provável que a medida seja considerada impopular para grande parte dos cidadãos, especialmente aqueles que utilizam muito os carros.

 

A experiência em outros lugares:

A cobrança dessa taxa não é algo inventado por Nova Iorque, Cingapura cobra a taxa de congestionamento desde 1975, Estocolmo fez o teste em 2007 que dura até hoje, Milão começou a cobrar em 2012 em sua chamada “Área C” e Londres passou a implementar desde 2003 na região central. Já comentamos aqui no blog a experiência de outras cidades europeias que apostam em iniciativas semelhantes de limitação de carros no centro.

 

E se fosse no Brasil?

A cultura americana notoriamente costuma ser associada com a cultura de predomínio dos carros, até mesmo com seu desenho urbano favorecendo baixas densidades e longas distâncias só possíveis de serem feitas com automóveis. Entretanto, Nova Iorque parece ser uma exceção comparada com o resto do país, especialmente na região de Manhattan com sua alta densidade e grande quantidade de pedestres, além de sua robusta rede de transporte público – especialmente de metrô, uma das maiores do mundo com quase 400km de extensão e mais de 400 estações.

No Brasil mesmo nas grandes cidades, onde teoricamente iniciativas como essas deveriam ter maior aceitação, o que vemos são alguns retrocessos no que diz respeito a mobilidade urbana. Aspectos simples, como a manutenção de ciclovias ainda são menosprezados por muitos dos governantes, nos deixando pessimistas sobre medidas de enfrentamento ao carro em nossas cidades.

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