Por que o trânsito de São Paulo está cada dia pior?

O período de pandemia da covid-19 trouxe uma realidade diferente para as cidades, com o distanciamento social e o fechamento de quase todas as atividades econômicas se tornou comum vermos imagens de ruas e avenidas quase vazias e com pouca movimentação de veículos, cena anteriormente impensável se tratando das grandes cidades com suas dinâmicas frenéticas.

Passado esse difícil momento, mesmo com algumas modificações os números mostram que as cidades voltaram a seu funcionamento costumeiro pré-pandemia. O lado ruim sobre isso diz respeito ao trânsito de muitas cidades, que acabaram tornando-se ainda piores do que eram anteriormente. É o caso de São Paulo.

Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da capital paulista constataram um índice de lentidão – número gerado de acordo com as médias mensais dos dias úteis – de 155 km de congestionamento no mês de março desse ano. Esse número superou os 153 km registrados em março de 2019, antes da pandemia. Comparando com o ano anterior, março de 2022 registrou uma média de apenas 97 km de vias congestionadas.

O motivo para isso logicamente passa pelo aumento de veículos presentes nas vias. Dados do Detran-SP comprovam isso, visto que a frota de veículos na capital paulista saiu de 6.142.688, em fevereiro de 2020, para quase 6,5 milhões, em fevereiro de 2023.

Os congestionamentos não são o único problema na maior cidade do país, nesse primeiro trimestre de 2023 foram registradas 209 mortes no trânsito, maior número dos últimos sete anos.

Os motivos para tantas notícias ruins? Entre alguns deles, o período da pandemia também teve sua contribuição. Com medo da propagação do vírus no transporte coletivo, muitos optaram por utilizarem veículos individuais como carros e motos. Enquanto o número de automóveis cresceu, pesquisas mostram que a quantidade de usuários do transporte público caiu e não retornou ao que era antes da pandemia. São diversas notícias e matérias que comprovam essa realidade (como aqui, aqui, aqui, aqui e em várias outras notícias).

Apesar dessa contribuição referente a um período específico de pandemia, certamente essa não é a principal razão para tal situação. Mesmo antes, nossas cidades já eram muito mais voltadas para os veículos particulares do que para o transporte público.

A cultura de incentivo ao carro vem de muitos anos, enquanto o fortalecimento do transporte público sempre foi deixado para segundo plano. Iniciativas tímidas foram tomadas em anos mais recentes, como na própria cidade de São Paulo, mas nos últimos meses estamos vendo medidas que vão de encontro com essa ideia, algo inclusive relatado em posts aqui no blog, como na criação de faixas exclusivas para motos e a criação de mais estacionamentos e vagas para carros.

Ou paramos para repensar esse modelo atual de transporte, ou nossas cidades em breve vão colapsar. São Paulo infelizmente parece estar seguindo por esse caminho.

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